quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Especial: Metroid Prime

O que faz um jogo ser bom hoje em dia? Muitos, infinitos fatores. É o que qualquer um diria. O que nos vem a cabeça primeiro? Creio que seja a jogabilidade, os gráficos e a história. Se somente estes forem bons todo mais fica bom. Porém, a falta de um fator pode ser algo terrível, pois um jogo, por exemplo, com gráficos e história ótimos, mas jogabilidade terrível, provavelmente será péssimo: a jogabilidade tira a beleza do jogo e torna desinteressante a história.



Quem disse que garotas não sabem bater?



Se você perguntar a qualquer um para resumir a história de Metroid em poucas palavras, a pessoa obterá um sucesso tremendo em te contar tudo em umas cinco frases. É um fato que o jogo não possui quase nenhuma trama, nenhum drama ou coisa parecida. Simples: Samus Aran, um bebê habitante de uma colonia de humanos, se torna a única sobrevivente de todo o planeta, após um ataque dos Space Pirates (Piratas do Espaço) e de Riddley, sua criação bizarramente poderosa. Após um pequeno intervalo de tempo, algumas criaturas de origem estranha acham a pequena confinada no planeta e a "adotam". Estes eram os Chozo, uma espécie de pássaros humanóides muito inteligentes, com a mais avançada tecnologia do universo. Estes acabam sendo os responsáveis por criar e treinar a menina até sua maturidade, quando ela parte a explorar o universo para mais tarde se tornar a caçadora de recompensas que conhecemos. Após algum tempo, Samus descobre que os Space Pirates colonizam o planeta Zebes (ou SR-388, após a colonização), e não só isso, como exterminaram os últimos remanescentes Chozo do universo.



Lhe é dada a missão de entrar no planeta e exterminar os Space Pirates, sua mais nova descoberta, os Metroids, criaturas capazes de sugar a energia vital de outros seres vivos, e o líder que comanda todos os organismos e parafernalhas do planeta, Mother Brain, uma espécie de cérebro acoplado no centro do lugar. É isso, a versão mais complicada que pude contar.

Por muitos anos Metroid passou a ser isso, essa história, recontada em mil maneiras. Obviamente que, naquele tempo, dos primeiros Metroids, nenhum jogo tinha mais história que isso, porém mesmo hoje um jogo sem nenhum drama ou mistério permaneceu no topo de vendas e de preferidos da Nintendo por um bom tempo. Como isso?

Prime:



Metroid Prime começa um novo capítulo na franquia, porém, nada muito complicado, somado ao que já foi dito. A Federação Espacial tem conhecimento de que os Space Pirates puseram as mãos em um material altamente radioativo e perigoso e teme o que pode ser feito desse material nas mãos desses Space Pirates. O material veio de um meteoro que atingiu o planeta Taloon IV 50 anos atrás, o meteoro, porém, até então, é de origem desconhecida. Samus é mandada para investigar uma nave dos Space Pirates que está orbitando Taloon IV. As descobertas que Samus faz são perturbadoras: não só os Space Pirates foram capazes de reviver Riddley, "arquinimigo" de Samus, e criar uma parasita gigante (Parasite Queen, "parasita rainha", o primeiro chefe) usando o material radioativo, o phazon, como o material e as criações feitas com ele haviam matado quase toda a tripulação. Após a nave se auto destruir, Samus parte para Taloon IV, para investigar o que houve com o planeta e as origens do meteoro.


Essa é toda a história do jogo (ou "pré-história"). Porém mesmo sem possuir um "arsenal dramático", a falta de história e a estrutura única do jogo pissibilitaram uma experiência única de jogo, que não existe em nenhum outro. Não vemos o rosto de Samus até o final do jogo, algo comum em todos os metroids, e ela não diz uma palavra, do começo ao fim, mas isso não é forçado, pois ninguém no jogo fala. O jogo é, desde o começo, uma experiência solitária, com um sentimento de exploração impressionante. Você está em outro mundo, um criado lindamente, e não sabe aonde ir, por onde começar. Ao explorar câmaras e cavernas, você acha tipos muito, MUITO variados de criaturas. Escaneie uma delas e você consegue dados interessantes: "Isso é uma planta carnívora Deku Baba, ela vive em locais com chuvas constantes devido à sua necessidade extrema de água, por isso, apenas a encontramos em partes tropicais do planeta..."(só um exemplo). O texto contém informações que, além de interessantes, são valiosas, como pontos fracos de qualquer criatura que necessite ser atingida em um local específico, ou dicas que te dizem para usar a visão de calor para visualizar tais pontos... e muito mais.

Escaneie para conseguir informações úteis para prosseguir e também interessantes.


Não só criaturas, mas plantas, rochas e objetos, até chefões, podem ser escaneados, e uma vez que o fez, tais informações ficam armazenadas no log book, que pode ser acessado apertando start. O jogo possuía gráficos lindos para trazer tudo isso a vida, os ambientes e as quase 300 espécies presentes no jogo (se não me engano). Existia não só isso, mas ao escanear ruínas hierografadas ou computadores, era possível ler documentos que falavam sobre a vida dos Chozo no planeta Taloon IV antes do meteoro e de sua guerra contra suas mutações, até que o material Phazon se tornava numeroso demais para se combater, dominando os que restavam, ou alguns relatórios dos Space Pirates, que falavam sobre sua colheita de Phazon, suas experiências, desgraças e conquistas conseguidas sobre o meteoro. Tudo isso era opcional, não era necessário que se recolhesse essa informação, mas além de entreter, ela poderia destravar conteúdo extra no jogo, como partes ocultas do final.

Isso somado a estrutura do jogo, que nos permite explorar ilimitadamente o planeta e procurar por itens escondidos nos mais diversos lugares, proporciona uma sensação de realmente estar perdido num planeta estranho, embora o jogo tenha um objetivo fora da exploração.

Porém, a medida que o jogo fazia tremendo sucesso, ficou evidente que seria apenas um começo de uma saga inteira, porém seus sucessores não conseguiram, nem de perto, causar o mesmo sentimento, a mesma experiência, com as trilhas sonoras, que em Prime eram muito harmônicas e bem produzidas, ou com os ambientes, muitas vezes abertos e com detalhes que impressionam até hoje.

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